sexta-feira, 15 de julho de 2011

Mais notícias para vocês

Tenho uma amiga de longa data que vem acompanhando carinhosamente todos os relatos do blog. Como não faço nenhuma atualização há um certo tempo, ela hoje me confessou que a tenho deixada um tanto frustada com a falta de notícia e que eu deveria colocar ao menos uma notinha. Portanto, em homenagem principalmente a essa amiga, Ana Paula, e a todos vocês que continuam torcendo por mim, mais uma vez estou aqui, nessa casa de idéias, para dar notícias de como venho atravessando essa fase da minha vida.  
Vou muito bem, obrigada. Já realizei a quarta sessão de quimioterapia e estou com os exames de acompanhamento marcados para o final do mês. Nas duas últimas internações, agradeci muito a Deus por eu estar passando o que estou passando da forma como estou passando. Eu explico. Percebi que o meu problema é tão pequeno perto do problema de tantas outras pessoas que estão ali ao meu lado. Em primeiro lugar, tenho certeza da minha cura. Em segundo, não sinto mais dor e isso é um alivio e tanto. Terceiro, minha doença é localizada e tem tratamento e cura. Vejo as pessoas que já estão com a doença espalhada, sem chances de cura; outras que precisaram ter algum membro amputado; outras que terminaram o tratamento, mas a doença voltou. Então, mais do que nunca, me sinto aliviada e agradecida pela minha condição.
Isso me lembra uma mensagem que recebi da Ana  Paula, a homenageada de hoje (risos), com uma bela lição de vida e que agora compartilho aqui com vocês. Infelizmente, não sei quem é o autor para dar os devidos créditos.

"Dona "Maria Jiló" é uma senhora de 92 anos,  miúda, e tão elegante, que todo dia às 08 da manhã ela já está toda  vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão.

E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra  solução.

Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio  dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em  direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho,  inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela.

Ela me  interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um  filhote de cachorrinho.

- Ah, eu adoro essas cortinas...
-  Dona "Maria Jiló", a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um  pouco...
- Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por  princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não  depende de  como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo  minha expectativa.

E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão  que tomo todo dia quando acordo.

Sabe, eu  posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho  em certas partes do meu corpo que não funcionam bem. Ou posso  levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.  

- Simples assim?
- Nem tanto; isto é para quem tem  autocontrole e todos podem aprender,  e exigiu de mim certo 'treino' pelos anos afora, mas é  bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em  conseqüência, os sentimentos.

Calmamente ela continuou:
-  Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar  o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta  época da vida.  A velhice é como uma conta bancária: você só retira  aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte  de alegrias e felicidade na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada  por este seu depósito no meu Banco de lembranças. Como você vê, eu ainda  continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida,  sábio é quem a simplifica."