domingo, 27 de maio de 2012

Acabou!

Realizei, nos dias 21, 22 e 23 de maio, a última sessão de quimioterapia do meu tratamento. Tive uma festa lá no Hospital Sarah, com direito a bolo, diploma, medalha e muito choro. É claro que foi choro de alegria, de agradecimento, de desabafo. Nunca de tristeza! Voltei para casa e, como em todas as 17 sessões anteriores, senti muito mal estar. Comemorei apenas com um "Acabou!" no Facebook, que de imediato, gerou várias mensagens de parabéns de pessoas queridas. Fico muito feliz e agradecida com esse carinho de todos sempre.
Hoje, 27/05, comecei a me sentir bem novamente, graças a Deus. Ao longo dessa semana, quando o desespero começava a bater por causa de tanto mal estar, eu pensava: "é a última vez que você vai sentir isso, então, calma que está acabando!" Às vezes, nem acredito que acabou!
Eu ficava pensando se esse momento seria de mudança radical, como num passe de mágicas, que eu iria passar para um estado de completo contentamento e liberdade. Por mais que eu adore contos de fadas e afins, o tal passe de mágica não existe. A partir de agora, é sentir as mudanças lentamente e em realidade. Sentir meu corpo voltar a ter disposição para as atividades, principalmente exercício físico. Poder sair de casa a qualquer hora para qualquer lugar, sem ter que ponderar em que dia do ciclo estou, se tem algum risco ou não. Essas são as 2 principais mudanças que me farão sentir que, de fato, essa fase acabou. E que vou comemorar vida nova.

sábado, 12 de maio de 2012

Hoje é meu aniversário


O dia do aniversário é um bom momento para fazer uma reflexão sobre o ano que passou e o que está por vir. Refletir sobre a vida em geral. Esse foi um ano de muitas mudanças e já há alguns dias venho fazendo um balanço de tudo de bom e de ruim que aconteceu comigo ao longo dos meus 36 anos.
Exatamente no dia 2 de maio completei 1 ano do início do meu tratamento. Quem diria que, em 1 ano, eu teria vivido tantas coisas e tomado tantas decisões importantes. Como eu havia previsto, um ano passou rápido, mas deixou marcas que irão durar para sempre.
Amanheci o dia agradecendo a Deus por estar viva. Essa é uma das principais mudanças que ocorreram comigo. Acreditar em Deus de uma forma tão intensa que é impossível descrever e dar graças a Ele por todas as coisas, principalmente pelo dom da vida. Não esqueço de forma alguma dos médicos e de toda equipe de saúde que cuidou e ainda cuida de mim com tanta dedicação. A eles, também devo minha vida e sei que foi a providência divina que me colocou nas mãos dessa equipe maravilhosa (lembram  que eu nem sabia quem procurar para uma primeira avaliação?).
Outra mudança gritante foi a minha atitude em relação aos acontecimentos cotidianos. A minha vida era uma alternância de momentos alegres e momentos tristes. Vocês devem estar pensando: até aí, o que tem de diferente? Ninguém é completamente alegre nem completamente triste. Porém, acho que eu sempre tive uma tendência a valorizar demais as coisas ruins, por vezes até me fazer de coitada. A sensação que eu tenho é que agora eu vivo intensa e constantemente feliz. Eventualmente, quando alguma coisa triste acontece, como eu estar passando muito mal, ou ser internada de urgência por alguma intercorrência, eu penso que vai acabar logo e mudo o foco para as coisas boas. Ou seja, meus momentos tristes são permeados por momentos alegres.
Passei a valorizar a minha qualidade de vida. Sei que é fácil falar assim quando não estou no meio da correria de trabalho, já que estou de licença há 1 ano.  Mas exatamente por ter experimentado essa sensação, não quero deixar que ela se acabe nunca mais. Entendo por qualidade de vida cuidar do corpo e da alma.  Algumas coisas ainda estão no status “planos”, como por exemplo, atividade física. Afinal, o cansaço e as internações freqüentes ainda não me permitiram levar essa atividade ao status “ação”. Mas eu tive uma pequena amostra da sensação quando comecei as sessões de hidroginástica no SARAH. E a lista de atividades não é muito grande, ou seja, não é preciso muita coisa para se ter qualidade de vida.
Dentro dessa mesma lógica da qualidade de vida e da valorização do que é realmente importante na vida, coloco as relações interpessoais. Não tenho palavras para descrever o carinho de familiares e amigos durante todo esse período. Tem uma imagem dessas de Facebook que diz: “Quer saber quantos amigos você tem dê uma festa. Quer saber quantos são verdadeiros fique doente.”. Pois eu posso dizer que o número é praticamente o mesmo e que sou realmente abençoada por ter tantas pessoas especiais na minha vida. Quisera eu conseguir dar uma festa convidando todos eles.
Nem só de coisas boas foi recheado o meu ano. Como eu falei no início, o balanço era de coisa boa e coisa ruim. Eu passei muito mal, tive muitos efeitos colaterais bem ruins, fiquei internada muitas vezes além do planejado, tive de ficar em isolamento de contato (sem poder receber beijos e abraços, inclusive hoje, no dia do meu aniversário). Eu perdi muita coisa. Perdi o cabelo, os movimentos do ombro, a carteira de motorista, um financiamento imobiliário, festas e confraternizações, viagens, idas a restaurantes japonês, peruano e mexicano... Se não tivesse ficado doente, essa hora estaria morando no meu tão sonhado apartamento, brincando de casinha, rsrs. Algumas dessas coisas são permanentes, outras temporárias (a grande maioria, graça a Deus). Mas isso não importa, pois são essas coisas que nos fortalecem. E como diz o ditado: “Quando Deus tira algo de você, ele não está punindo-o, mas apenas abrindo suas mãos para receber algo melhor”. Então, só posso ficar feliz, mesmo com as coisas tristes.
Como isso é um balanço, na minha balança imaginária, coloquei as 4 coisas que relacionei na lista de coisas boas e as 12 coisas da lista de coisas ruins. Para que lado vocês acham que a balança pendeu? Com certeza, para o lado das coisas boas. O que importa é a qualidade e não a quantidade. O peso das coisas positivas é muito maior que das negativas. E maior ainda é o aprendizado e a vontade de viver cada momento nessa perspectiva nova. Um ano novo se inicia hoje e meus 37 anos prometem! Tenho muitos planos e uma certeza:  eu sou muito feliz!