O dia do aniversário
é um bom momento para fazer uma reflexão sobre o ano que passou e o que está
por vir. Refletir sobre a vida em geral. Esse foi um ano de muitas mudanças e já
há alguns dias venho fazendo um balanço de tudo de bom e de ruim que aconteceu
comigo ao longo dos meus 36 anos.
Exatamente no
dia 2 de maio completei 1 ano do início do meu tratamento. Quem diria que, em 1
ano, eu teria vivido tantas coisas e tomado tantas decisões importantes. Como
eu havia previsto, um ano passou rápido, mas deixou marcas que irão durar para sempre.
Amanheci o dia
agradecendo a Deus por estar viva. Essa é uma das principais mudanças que
ocorreram comigo. Acreditar em Deus de uma forma tão intensa que é impossível
descrever e dar graças a Ele por todas as coisas, principalmente pelo dom da
vida. Não esqueço de forma alguma dos médicos e de toda equipe de saúde que
cuidou e ainda cuida de mim com tanta dedicação. A eles, também devo minha vida
e sei que foi a providência divina que me colocou nas mãos dessa equipe
maravilhosa (lembram que eu nem
sabia quem procurar para uma primeira avaliação?).
Outra mudança
gritante foi a minha atitude em relação aos acontecimentos cotidianos. A minha
vida era uma alternância de momentos alegres e momentos tristes. Vocês devem
estar pensando: até aí, o que tem de diferente? Ninguém é completamente alegre
nem completamente triste. Porém, acho que eu sempre tive uma tendência a
valorizar demais as coisas ruins, por vezes até me fazer de coitada. A sensação
que eu tenho é que agora eu vivo intensa e constantemente feliz. Eventualmente,
quando alguma coisa triste acontece, como eu estar passando muito mal, ou ser
internada de urgência por alguma intercorrência, eu penso que vai acabar logo e
mudo o foco para as coisas boas. Ou seja, meus momentos tristes são permeados
por momentos alegres.
Passei a
valorizar a minha qualidade de vida. Sei que é fácil falar assim quando não
estou no meio da correria de trabalho, já que estou de licença há 1 ano. Mas exatamente por ter experimentado
essa sensação, não quero deixar que ela se acabe nunca mais. Entendo por
qualidade de vida cuidar do corpo e da alma. Algumas coisas ainda estão no status “planos”, como por
exemplo, atividade física. Afinal, o cansaço e as internações freqüentes ainda
não me permitiram levar essa atividade ao status “ação”. Mas eu tive uma
pequena amostra da sensação quando comecei as sessões de hidroginástica no
SARAH. E a lista de atividades não é muito grande, ou seja, não é preciso muita
coisa para se ter qualidade de vida.
Dentro dessa
mesma lógica da qualidade de vida e da valorização do que é realmente
importante na vida, coloco as relações interpessoais. Não tenho palavras para
descrever o carinho de familiares e amigos durante todo esse período. Tem uma
imagem dessas de Facebook que diz: “Quer saber quantos amigos você tem dê
uma festa. Quer saber
quantos são verdadeiros fique doente.”. Pois eu posso dizer que o número é
praticamente o mesmo e que sou realmente abençoada por ter tantas pessoas
especiais na minha vida. Quisera eu conseguir dar uma festa convidando todos
eles.
Nem só de coisas
boas foi recheado o meu ano. Como eu falei no início, o balanço era de coisa
boa e coisa ruim. Eu passei muito mal, tive muitos efeitos colaterais bem
ruins, fiquei internada muitas vezes além do planejado, tive de ficar em
isolamento de contato (sem poder receber beijos e abraços, inclusive hoje, no
dia do meu aniversário). Eu perdi muita coisa. Perdi o cabelo, os movimentos do
ombro, a carteira de motorista, um financiamento imobiliário, festas e
confraternizações, viagens, idas a restaurantes japonês, peruano e mexicano...
Se não tivesse ficado doente, essa hora estaria morando no meu tão sonhado
apartamento, brincando de casinha, rsrs. Algumas dessas coisas são permanentes,
outras temporárias (a grande maioria, graça a Deus). Mas isso não importa, pois
são essas coisas que nos fortalecem. E como diz o ditado: “Quando Deus tira algo de você, ele não está punindo-o, mas apenas
abrindo suas mãos para receber algo melhor”. Então, só posso ficar feliz,
mesmo com as coisas tristes.
Como isso é um
balanço, na minha balança imaginária, coloquei as 4 coisas que relacionei na
lista de coisas boas e as 12 coisas da lista de coisas ruins. Para que lado vocês
acham que a balança pendeu? Com certeza, para o lado das coisas boas. O que
importa é a qualidade e não a quantidade. O peso das coisas positivas é muito
maior que das negativas. E maior ainda é o aprendizado e a vontade de viver
cada momento nessa perspectiva nova. Um ano novo se inicia hoje e meus 37 anos
prometem! Tenho muitos planos e uma certeza: eu sou muito feliz!
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